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Transições pandêmicas

Boas-vindas a  Escreversos & Literaneios ! Há três anos escrevi esta carta com o intuito de compartilhar minhas vivências e, talvez, encontrar pessoas que estivessem vivênciando o mesmo que eu.  Hoje a desenterro do fundo da gaveta como parte de um arquivo pessoal — na vã esperança de que ainda alcance o seu fim. xx de xx de 2021 Cada história é única, cada história traz uma nova perspectiva, um novo ensinamento, e, muitas vezes, é por meio de histórias que passamos a nos conhecer melhor; como quando nos identificamos com um personagem ou com uma vivência e sentimos que há alguém no mundo — mesmo que seja no mundo ficcional — que nos entende profunda e verdadeiramente. Tudo começou no momento em que eu percebi, pela primeira vez, quem eu era e como eu me sentia em relação a mim mesmo. Não foi um grande evento, não foi uma mensagem enviada pelos céus, não foi uma revelação chocante; eu simplesmente me olhei no espelho e, em um estalo, soube: eu era uma pessoa trans não binária. É al

"Genre queer: une autobiographie non binaire" de Maia Kobabe et le danger de la censure dans la littérature contemporaine

Bienvenu·e(s) à Escreversos&Literaneios ! l’importance de nouvelles voix dans la littérature contemporaine et le danger de les censurer La bande dessinée Genre queer: une autobiographie non binaire (2019) de Maia Kobabe* nous présente son parcours d’exploration de l'identité de genre et de la sexualité et nous fait d’attention par l’importance de nouvelles voix dans la littérature contemporaine et le danger de les censurer. Master en bande dessinée pour le California College of the Arts, Maia Kobabe, um dessinateus et auteus non binaire des États Unis, a reçu le Prix Alex et le Israel Fishman Non-Fiction Honor Book du Prix Stonewall en 2020 pour son œuvre Genre queer que été classé comme le livre le plus contesté en 2021 pour l’Office of Intellectual Freedom de l'American Library Association. Cette contestation est fréquemment faite par des conservateurs en raison de la présence des “sujets tabou” de l'identité de genre, de la sexualité et de la grammaire neutre. Cepe

A magicalização da escrita

Boas-vindas a Escreversos & Literaneios ! Você sabe o que é a magicalização da escrita? Quase sempre, quando entro no Instagram, me deparo com bookgrammers , também conhecides como influencers literáries, gravando stories e compartilhando postagens sobre suas leituras — o que penso ser maravilhoso, como o apaixonado por literatura que sou — e vira e mexe recebo recomendações de obras incríveis. Quase sempre também, ao visitar o perfil de bookgrammers, observo em suas biografias a contagem de livros lidos no ano, que chegam a variar de dezenas a centenas de leituras — eu amo ler, mas nunca cheguei nem perto de ler uma centena de livros em um único ano! Fico admirado com as pessoas que alcançam esse feito. Após estudar o livro de Paulo Freire, A importância do ato de ler (2006[1989]), a minha admiração com essa quantidade de leituras se tornou uma grande preocupação. Então, eu te pergunto: quantos livros você lê por ano? O que te motiva a ler essa quantidade de livros — lazer, est

O lembrete

Boas-vindas a Escreversos & Literaneios ! Às vezes me pergunto se a minha escrita faz diferença no mundo... Mas acho que seria mais sensato me perguntar que diferença a escrita faz em mim. Absorvido por responsabilidades e acometido por eventualidades, por um bom tempo me coloquei em segundo plano e esqueci o papel que certas coisas assumem na minha vida. A pandemia, apesar de todos os pesares, me forneceu um momento de introspecção necessário para reavaliar, não só a pessoa que fui, sou e quero ser, mas o que de fato tem valor para mim. É muito fácil se perder, ainda mais quando você não mantém um diálogo interno e a ansiedade se alia ao cansaço e à insegurança. Quando algo te faz questionar o que você está fazendo com a sua vida e você nem sabe mais é que a ficha cai. Por que você está fazendo o que está fazendo? Você realmente quer fazer isso? Realmente quer viver assim? Definir prioridades é difícil, principalmente quando muitas delas não envolvem uma decisão só sua. E priorida

O molde de ser humano

Boas-vindas a Escreversos & Literaneios ! 2021. Um novo ano. Uma nova página. Um novo capítulo. Após as tragédias trazidas por 2020, o ano de 2021 traz consigo a esperança de que as coisas vão melhorar, e, conjuntamente a essa esperança, também traz reflexões sobre a nossa sociedade e a nossa própria vida. Vivemos em sociedade porque somos seres sociais, precisamos de outras pessoas para viver. E toda sociedade possui suas ideologias, crenças, costumes, tradições, leis e afins. O que muitas vezes não percebemos é que a sociedade cria um “molde” que deve ser seguido por quem a integra, um molde que nos é ensinado desde criança, que aprendemos a não questionar e que, por isso, nos parece natural. Mas, quando crescemos e paramos para refletir sobre quem somos ou quem queremos ser, percebemos que esse molde é incapaz de representar todas as pessoas em suas individualidades. Muitas vezes os incômodos que sentimos, a ansiedade, a angústia, os medos, são provocados por inconscientemente p

A angústia temporal

Boas-vindas a Escreversos & Literaneios ! Como ume amante impiedose, o tempo estilhaça o coração de escritories, parte e nunca olha para trás. Adotar a escrita, seja como hobby ou como profissão, é se deparar, ao longo da jornada, com inúmeros obstáculos. Esses obstáculos podem surgir de diversas formas. Como comentários negativos que — ao contrário de críticas construtivas — buscam desmerecer nosso trabalho. Como inseguranças que questionam nossa capacidade e nos impedem de expor nossa escrita para o mundo. Ou mesmo como o tempo — ou a falta dele. Essa última forma, não menos perigosa, dolorosa e angustiante que as anteriores, acaba sendo uma grande preocupação de quem escreve. Ela nos induz a acreditar no “delírio capitalista” — que vê tempo e dinheiro como a mesma “entidade” —, nos induz a acreditar que devemos ser produtivos o tempo todo, de que devemos dar conta de tudo, de que não devemos perder tempo fazendo coisas ditas como “secundárias” — posição à qual o ato de escreve