O lembrete

Boas-vindas a Escreversos & Literaneios!


Às vezes me pergunto se a minha escrita faz diferença no mundo... Mas acho que seria mais sensato me perguntar que diferença a escrita faz em mim.

Absorvido por responsabilidades e acometido por eventualidades, por um bom tempo me coloquei em segundo plano e esqueci o papel que certas coisas assumem na minha vida. A pandemia, apesar de todos os pesares, me forneceu um momento de introspecção necessário para reavaliar, não só a pessoa que fui, sou e quero ser, mas o que de fato tem valor para mim.

É muito fácil se perder, ainda mais quando você não mantém um diálogo interno e a ansiedade se alia ao cansaço e à insegurança. Quando algo te faz questionar o que você está fazendo com a sua vida e você nem sabe mais é que a ficha cai. Por que você está fazendo o que está fazendo? Você realmente quer fazer isso? Realmente quer viver assim?

Definir prioridades é difícil, principalmente quando muitas delas não envolvem uma decisão só sua. E prioridades mudam. Nada é imutável. A necessidade sempre assume o primeiro lugar. Mas é importante saber avaliar aquilo que nos prejudica mais que qualquer outra coisa e saber que, mesmo em meio às responsabilidades e às necessidades, podemos encontrar um lugar de conforto. Não é prazerosa a ideia de saborear um café da manhã em vez de, simplesmente, se alimentar por uma questão de sobrevivência?

Embora muitas vezes não consiga demonstrá-lo, sempre dou muito valor ao tempo que passo com as pessoas que amo. Nada me parece mais importante que isso, mesmo quando interagir não soa como uma boa opção no momento. Porque cada segundo com elas vale a pena, e nunca se sabe quando será a última vez.

O mesmo se aplica a todo o resto para mim. E, desde que me conheço por gente, à escrita. Nunca me vi sem ela, mesmo que os cenários tenham mudado ao longo dos anos. É algo que me consome e que, ao mesmo tempo, consumo para viver.

No entanto, cada vez mais a insegurança foi colocando seu peso sobre mim, a ponto de me fazer congelar, de me fazer acreditar que não tenho capacidade, de me fazer questionar se qualquer coisa que escrevo faz diferença no mundo. E, por mais que eu saiba o quanto isso é absurdo, esse questionamento continua me perseguindo, não importa que eu não me importe se alguém vai ler ou não qualquer coisa que eu escreva. O perfeccionismo e o autocriticismo, inimigos de longa data, também marcam presença nessa batalha interna, pois sempre é possível fazer melhor.

Então, percebi que seria mais sensato, em vez de ficar lutando contra todos esses sentimentos e pensamentos conflitantes e destrutivos, eu me perguntar que diferença a escrita faz em mim. Porque eu escrevo para contar as histórias que me habitam. Eu escrevo para mim. Porque, quando escrevo, eu respiro melhor, durmo melhor, sabendo que, ao acordar, vou transbordar com a alegria de traduzir essas história para o mundo.

E eu quero sempre me lembrar disso.


Com amor e carinho,

Collin Jay


Comentários

  1. Gostei muito! Não conseguia parar de ler.

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  2. eu também escrevo pra mim... mas que alegria poder ler o que você escreve pra você. parece até que foi pra mim também. <3

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